Publicado em: 18 de setembro de 2025
Setembro é um mês marcado por uma causa fundamental: a valorização da vida. O Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio, é um movimento de conscientização, diálogo aberto e combate ao estigma em torno da saúde mental. Entre tantas histórias inspiradoras que se conectam a esta causa, a de Vini Murta, atleta, palestrante e criador do projeto Atleta por Propósito, merece destaque.
Mineiro de Belo Horizonte, Vini transformou suas próprias dores em combustível para inspirar outras pessoas. Após enfrentar momentos de depressão e síndrome do pânico, encontrou no esporte não apenas uma prática física, mas um caminho de fortalecimento emocional, espiritual e social. Hoje, ele utiliza sua jornada para falar sobre resiliência, saúde mental e superação.
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O esporte como propósito de vida
Histórias como a de Vini Murta reforçam a mensagem de que é possível encontrar novos caminhos mesmo nos momentos mais difíceis. A depressão e a síndrome do pânico o colocaram diante de grandes desafios, mas foi o esporte que se tornou a chave para sua transformação. Através do projeto Atleta por Propósito, ele prova que a prática esportiva vai além da performance: pode ser um instrumento de autoconhecimento, resiliência e inspiração coletiva.
É importante reforçar que, embora o esporte tenha sido um caminho fundamental na trajetória de Vini, o cuidado com a saúde mental deve sempre incluir acompanhamento médico e psicológico. Procurar ajuda profissional é essencial para enfrentar a depressão, a ansiedade e outras questões clínicas, garantindo suporte adequado em cada etapa.
Para o blog do Lacre do Bem, realizamos uma entrevista exclusiva com Vini Murta, que compartilhou sua história, seus desafios e seu olhar sobre a campanha Setembro Amarelo.

Lacre do Bem/Estúdio Letras – Você costuma dizer que o esporte salvou sua vida. Pode nos contar qual foi o momento em que esporte deixou de ser apenas uma atividade física e se tornou sua estratégia de superação emocional?
Vini Murta – O esporte foi muito mais do que atividade física na minha vida; ele salvou minha existência. Quando enfrentei depressão e síndrome do pânico, eu não tinha apoio familiar, plano de saúde ou recursos. Morando sozinho e mergulhado em aflições, encontrei no esporte um refúgio e um fortalecimento físico, mental e espiritual.
Treinar me permitiu fazer uma “meditação em movimento”, entrar em sintonia com meu corpo e espírito, e reencontrar meu propósito de vida. Cada treino era um passo para compreender por que continuar vivendo e como superar os desafios.
Dessa experiência nasceu o Atleta por Propósito. Não treinava apenas por performance, mas para incentivar pessoas a não desistirem. Criava pequenas negociações comigo: “Vença a si mesmo hoje.” E no dia seguinte repetia, construindo uma filosofia de vida baseada em resiliência e superação.
Hoje, o esporte é meu instrumento de transformação e meu propósito: inspirar pessoas a se fortalecerem e descobrirem a força que existe dentro delas.
Lacre do Bem/Estúdio Letras – Seu projeto “Atleta por Propósito” já inspirou inúmeras pessoas. Como nasceu essa iniciativa e como ela dialoga com a mensagem central do Setembro Amarelo sobre a valorização da vida?
Vini Murta – O Atleta por Propósito nasceu da minha persistência em incentivar as pessoas a não desistirem da vida. Tudo começou em 2015, com o InterAÇÃO Brasil, projeto de extensão em uma faculdade de medicina, focado na saúde mental de estudantes, lembrando que o curso de medicina tem altos índices de suicídio.
O projeto evoluiu, mas não conseguia apoio nem patrocínio. Em 2019, decidi me autodesafiar no triatlo — sem saber nadar, pedalar ou correr longas distâncias — e ir direto para o Ironman 70.3. A frase que me guiou foi: “Quem muito deseja, faz com pouco que tem.” Eu provei que não precisamos de todos os recursos, mas da decisão de agir, mesmo sem entender todos os “comos”.
O projeto é uma ferramenta de superação e valorização da vida, alinhada com o Setembro Amarelo, mas com atuação durante o ano inteiro. A missão é clara: falar de saúde mental, incentivar pessoas a se fortalecerem e não desistirem da vida, mostrando que o esporte é um agente transformador de hábitos, mente e espírito.
Lacre do Bem/Estúdio Letras – Você enfrentou desafios como depressão e síndrome do pânico. Como o esporte te ajudou a resgatar seu senso de propósito?
Vini Murta – O esporte foi o meu primeiro passo para fortalecer mente e corpo. Ele me ajudou a sair da estagnação, perceber o valor da vida e me reconectar com meu interior e com a espiritualidade.
Ao recuperar meu equilíbrio, senti a vontade de compartilhar essa oportunidade com outras pessoas. Minha história se tornou a base do projeto: incentivar as pessoas a não desistirem. A frase “Não desista. Vença só hoje” que eu repetia diariamente se transformou em propósito de vida.
Além do fortalecimento físico, o esporte promove interação social, conexão com a natureza e com a espiritualidade, criando um ambiente que potencializa a saúde mental e emocional. Por isso afirmo: o esporte é um poderoso agente de transformação e superação pessoal.
Lacre do Bem/Estúdio Letras – Neste Setembro Amarelo, você fez um desafio especial: pedalar 1.500 km nos arredores de BH. Pode compartilhar o significado simbólico dessa ação e como ela se relaciona com a saúde mental?
Vini Murta – Originalmente, meu plano era pedalar de Belo Horizonte a Salvador, mas, sem patrocínio e com recursos limitados, adaptei o desafio para percorrer 1.500 km nos arredores de BH, principalmente na Lagoa da Pampulha.
O objetivo era demonstrar que, mesmo diante de adversidades e limitações, é possível alcançar metas com criatividade, resiliência e determinação. Esse desafio simboliza a capacidade de superar obstáculos, desenvolver habilidades internas e transformar dificuldades em oportunidades de crescimento.
Ele se conecta diretamente com a saúde mental, mostrando que força interna, disciplina e propósito podem ajudar a superar medos, limitações e momentos de desânimo — fortalecendo corpo, mente e espírito.
Lacre do Bem/Estúdio Letras – Em sua jornada esportiva, você passou de iniciante sem saber nadar ou pedalar, como comentou acima, a conquistar maratonas e o Ironman. O que você diria a alguém que se sente incapaz de dar o primeiro passo rumo à mudança?
Vini Murta – Quando comecei aos 41 anos, não sabia nadar, pedalar ou correr longas distâncias. Minha primeira prova foi uma meia maratona no Rio de Janeiro, com mais de 30 mil inscritos. Cheguei entre os top 100. Foi ali que percebi meu potencial desconhecido.
Treinei intensamente, completei minha primeira maratona em Porto Alegre em 3h, qualificando para Boston. Mesmo sem apoio, vendi meus equipamentos e fui competir, completando Boston em 3h. Depois, participei do IronMan 70.3 e de uma ultramaratona de 50 km, me perdi durante a prova e ainda assim terminei como vice-campeão.
Minha mensagem é clara: nunca é tarde para começar. Dentro de cada pessoa existe um potencial enorme, que só se revela quando você dá o primeiro passo. Cada desafio é uma oportunidade de autodescoberta, superação e inspiração para outras pessoas.
Lacre do Bem/Estúdio Letras – Olhar para a frente, para 2025 ou além… que mensagem você gostaria de deixar para quem está passando por um momento difícil e vê no Lacre do Bem uma rede de apoio e esperança?
Vini Murta – Seja qual for a dificuldade que você esteja vivendo, não desista. Tudo na vida é um processo de evolução e aprendizado. Cada adversidade desperta habilidades que fortalecem o espírito e potencializam nossa capacidade de superação.
Se você ainda não encontrou seu propósito, peça ajuda. Como dizemos no Atleta por Propósito: “Vamos juntos. Ninguém é tão bom sozinho.” Minha história prova que qualquer pessoa pode se fortalecer e, a partir disso, inspirar outros.
Uma frase que me guia: “Ninguém pode voltar atrás e construir um novo começo, mas todos podem começar agora e criar um novo fim.” Inspire-se em projetos como Atleta por Propósito, Quilômetros pela Vida e Lacre do Bem. A sua história ou suas ações conscientes podem transformar vidas, começando por você mesmo. Entregue seu melhor, descubra seu potencial e inspire outras pessoas a não desistirem da vida.
Setembro Amarelo, esporte e solidariedade
A trajetória de Vini Murta é um exemplo de como a dor pode ser transformada em propósito. Assim como o Setembro Amarelo busca iluminar a importância da saúde mental e da valorização da vida, o trabalho do atleta reforça que pedir ajuda, praticar o autocuidado e buscar apoio coletivo são passos fundamentais na luta contra o suicídio.
O Lacre do Bem também se alinha a essa mensagem: pequenas atitudes podem gerar grandes transformações. Ao unir solidariedade, sustentabilidade e impacto social, a iniciativa mostra que cada gesto importa e que ninguém precisa enfrentar seus desafios sozinho.
Este conteúdo foi produzido pelo Estúdio Letras em apoio voluntário ao Lacre do Bem, como forma de fortalecer mensagens que unem vida, propósito e comunidade.