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Publicado em: 3 de setembro de 2025

Setembro é o mês da conscientização sobre a inclusão das pessoas com deficiência. A campanha Setembro Verde convida a sociedade a refletir sobre acessibilidade, oportunidades e combate ao preconceito, reforçando que a inclusão não é favor, mas direito.

Para falar sobre o tema, o Lacre do Bem entrevistou a vereadora Michelly Siqueira, advogada especialista em Direito Público e Direito das Famílias. Com mais de 15 anos de atuação na defesa de pessoas com deficiência, idosos e cidadãos em situação de vulnerabilidade, Michelly hoje leva essa missão para o seu mandato na Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Segundo ela, um dos maiores desafios é fazer com que as políticas públicas deixem de ser letra morta. “Minha missão de vida sempre foi transformar a realidade das pessoas com deficiência. Antes mesmo de ocupar um cargo público, atuei como advogada na defesa desses direitos, e hoje levo essa mesma luta para o meu mandato como vereadora de Belo Horizonte”, afirmou.

Entre as prioridades que ela aponta estão a educação inclusiva, a saúde especializada, a mobilidade urbana, o acesso ao trabalho e renda, além da moradia e vida independente. “Não basta abrir a matrícula na escola, é preciso garantir permanência e aprendizado. Não basta existir lei de cotas, é preciso assegurar o cumprimento e fomentar o empreendedorismo inclusivo. Uma cidade só é justa quando todos podem circular com autonomia e viver com dignidade”, explicou Michelly.

Educação inclusiva efetiva – precisamos garantir professores de apoio, profissionais de acompanhamento terapêutico, salas de recursos multifuncionais e transporte escolar acessível. Não basta abrir a matrícula, é preciso garantir permanência e aprendizado.
Saúde especializada e acessível – criar centros de referência em deficiência, ampliar terapias no SUS, assegurar medicamentos e tecnologias assistivas. Muitas famílias ainda peregrinam em busca de atendimento básico.
Mobilidade e acessibilidade urbana – calçadas adequadas, transporte coletivo acessível e seguro, respeito às gratuidades. Uma cidade só é justa quando todos podem circular com autonomia.
Trabalho e renda – é fundamental assegurar o cumprimento da lei de cotas, fomentar o empreendedorismo inclusivo e criar políticas de apoio às mães atípicas e cuidadores, reconhecendo o cuidado como trabalho.
Moradia e vida independente – programas habitacionais acessíveis e políticas que permitam às pessoas com deficiência viverem com autonomia, respeitando sua dignidade e individualidade.

Deficiência não define ninguém

Mas para Michelly, além das barreiras estruturais, ainda é preciso enfrentar o preconceito, muitas vezes velado. “O maior desafio que ainda enfrentamos é o preconceito disfarçado, que se manifesta em atitudes sutis, mas que ainda excluem. Precisamos ensinar desde cedo que cada pessoa tem capacidades únicas e criar campanhas e políticas públicas que reforcem a ideia de que deficiência não define ninguém”, destacou.

setembro verde michelly siqueira

A vereadora também reforçou que a inclusão é uma responsabilidade coletiva, que precisa ser assumida por toda a sociedade. “Escolas podem investir em práticas pedagógicas inclusivas, empresas devem ir além das cotas, organizações sociais são fundamentais no acolhimento e mobilização, e cidadãos comuns podem cobrar acessibilidade e exercer empatia no dia a dia”, disse.

Para mudar essa realidade, precisamos avançar em três frentes:

Educação desde cedo – ensinar crianças e jovens a conviver com a diversidade, mostrando que cada pessoa tem capacidades únicas a desenvolver.
Conscientização permanente – capacitar professores, profissionais de saúde, gestores públicos e empresas para compreender que inclusão é um valor humano e social, e não apenas obrigação legal.
Mudança de cultura social – criar campanhas, políticas públicas e espaços de convivência que reforcem a ideia de que deficiência não define ninguém, mas que todos têm potenciais a serem reconhecidos e valorizados.

Para ela, o Setembro Verde é mais do que uma data simbólica: é um chamado para transformar a inclusão em rotina. “Tenho consciência de que a lei, sozinha, não muda a vida das pessoas. O que muda é a prática cotidiana, a implementação de políticas consistentes e a corresponsabilidade social. A inclusão não deve ser vista como um desafio, mas como uma oportunidade de enriquecer a convivência de todos nós”, concluiu.

No Lacre do Bem, acreditamos que cada pequena ação pode gerar grandes transformações sociais. Já doamos centenas de cadeiras de rodas a partir da arrecadação de lacres de alumínio, mas nosso impacto vai além da entrega: buscamos sensibilizar empresas, escolas, organizações sociais e cidadãos para a importância da inclusão e da corresponsabilidade. O Setembro Verde reforça aquilo que defendemos todos os dias: juntos, podemos construir uma sociedade mais acessível, justa e humana.

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